NÃO
A minha vida é improviso, morte, verso, dor e pó
Não tenho sonho ou saudade, remorso ou mesmo dó
Tenho certeza de que a vida é viola surrada sem canção
Só deixará silenciosos rancores dentro em meu coração
Trago verdades e mentiras, ilusões do meu repente
O meu ódio é navalha sangrando o meu presente
Onde passei só vi tristeza, miséria e maldade
Não canto mais a esperança, não tenho mais vaidade
Sou repentista do povo, violeiro afamado
Sou sanfoneiro arretado, mas só pra ter meu trocado
A alegria é criança que canta com fervor
Por não saber que o amor é a perfeita prima da dor
Por isso só rimo desencanto, pranto, dor e opressão
Quem dança o meu baião não tem mais ilusão
Seu futuro é luta, lida, grito e humilhação
Condenado a ter mil filhos e a alma com desnutrição
Vida sofrida, violeiro
Canta sua dor pro mundo inteiro
E vai ver o sol também cantar