DESPEDIDA DE MENINO...
Dez de agosto, mil novecentos e setenta e nove,
Eu menino ainda, partia para longe de tudo...
Todas as coisas diferentes, fiquei mudo!
Assim ele aprende, dizia a mãe, desenvolve.
Foi assim que cheguei a Belém de Maria,
Na zona da mata, interior pernambucano.
Nunca havia pensado, não estava no plano.
Minha mãe foi quem mandou, ela queria.
Um internato modesto da igreja adventista,
Foi ali que se deu a despedida de menino,
Muito trabalho, estudos, tudo muito fino,
Da janela do meu quarto uma bela vista.
A cidade era horrível, entre altos morros...
Passava no centro o pequeno rio panelas
Sem peixes, sem vida, pneus e chinelas...
E o que mais se via era esgotos aos jorros!
Um povo com uma barrigona sem tamanho!
De esquistossomose, muito comum no local...
Corte de cana, pinga, pés descalço, tudo mal.
Fazer o que? Também era pouco o ganho...
Daquele tempo muitas coisas me marcaram,
A paixão por Silma, castigo por Verônica...
Gravadas no peito, como uma nota tônica.
E as decepções que tive, essas sim ficaram.
Ate hoje penso nas matas daquele lugar...
Muitas cobras e perigos, naqueles canaviais!
Tantos queridos meus, santos rostos joviais!
Que espero rever quando no céu eu chegar.
Poeta Camilo Martins
Aqui,hoje,28.11.08
Nesse internato chamado de Educandário Nordestino Adventista, fiquei de Agosto de 1979 a Dezembro de 1982, cursando da 5ª a 8ª serie do 1º grau. Fui aos 15 anos e sai aos 18anos