Inesperadamente




Foi de mim, de você,
as razões que pelas esquinas
dispensaram luzes, sinais.
Foi de você
a colheita feliz,
a liberdade para voar,
dar asas ao espaço,
vida a tantas vidas.
Foi de mim
o desespero,
as orações para afugentar a saudade
cumprimentando a solidão
com afagos e mordomia.
Foi de você,
a luz emanou,
evaporou
fez-se o silêncio,
fez-se o escuro.
Foi de mim,
que as primeiras lágrimas
caíram sem dar lugar a última.
Foi de mim, de você,
este amor
que flutua,
vagueia pelo espaço
dando asas a liberdade sombria.
É nosso este pássaro
que voa sem rumo,
sem túmulo,
sem entender todos os mistérios.
É nossa ou foi esta paz
que dobrou as esquinas,
sei que... Sem querer.