Depois...
Depois
Um dia minhas mãos,
Inertes e inúteis, quedarão.
Meus olhos vivazes,
Baços então, ficarão.
Mas tu saberás
Das defesas que o viver exige
E cobrarás teu quinhão
E delimitarás teu chão.
Plante meu irmão
Plante mais e bastante
Erga, construa
Edifique e faça tua cerca.
Eu ajudo a bater os pregos
Dividiremos, mano a mano,
O peso a carga.
Trucidaremos qualquer pé maléfico e malandro,
Que venha a ousar, a ousar!
Eu sei que Deus é bom
Mas temos que cooperar
Aprenda a bater meu amor!
Bata doído, sofrido
Mas bata com força
É treino: dia sim e dia sim!
Sem cansaços ou piedade
Para que assim, tu te tornes o Rei
Dos teus louros, teus jardins!
As lágrimas? As lágrimas são meros acessórios!
E sim, descartáveis por ora...
Primeiro a gente luta
Depois, a gente chora...
Dorothy Carvalho