Afogamento
Tudo silenciado
Nos bares, nas ruas
No ofício dos dias
No escritório das horas
O silêncio é tanto
Que o escuto daqui
Nos olhares dos namorados
Na burocracia da existência
Na máquina que o tempo não cessa
Na costura de tecidos da alma
Tudo permanente em mute
- o mundo se fez (ab)surdo! -
Já os seus gritos
Ouço-os a incontáveis quilômetros
A proferir vocábulos atropelados
Seguem-se, um atrás do outro
Inflamados por arderem em chamas
- barulho extremo! -
Corpos asfixiados em mágoas
Sufocados pelo que não foi dito
E se deram pelo cansaço.