FRONTEIRA

FRONTEIRA

no limite do sentimento

na exaustão da sofrência

o amor se despede

numa liberdade desnuda

velha e errante

não há voz que desfaleça

nem fala que a dor adormeça

essa vida de agora

vive

dos retalhos do tempo passado

espalhados e sem costura

pelas bordas desfiados

dançam feito farrapos

quase trapos etéreos

num céu lento e adormecido

e aqui

nesse tempo escuro e monótono

gemem em silêncio trançado

o corpo cansado

a alma sufocada

em preces inaudíveis

e

a saudade feito vidro quebrado

corta

sangra

e

dói

Mírian Cerqueira Leite

Mileite
Enviado por Mileite em 15/05/2020
Código do texto: T6948573
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