FINAL DO ÚLTIMO ATO
O tempo chora a angústia de se ver sozinho e retido...
Meu único vizinho e amigo é um pássaro agourento
As lágrimas da chuva escorrendo na janela molham meus sentidos
Nesse desespero lento, agonizante, morro a cada dia
Sem esperança... sem crédito... sem alegria...
Na mente, flashs de momentos que agora são quase apagados
Dilacerados pela solidão imposta pelo fatal destino ...
Trágico fim para o palhaço que sem máscaras
Fez rir, fez gargalhar o público, fez feliz o menino...
O tempo ignora o que se passa aqui dentro
Mas o vento, com lamúrias, uiva às cáscaras...
Antes não ter nascido, e vivido para esse fim análogo
Do nada vir à tona e voltar à inexistência
Por pura excelência dos ditames de aventuras infames
Desastrosamente vir a ser o nada do esquecimento...
Oh! Rubra e enegrecida sorte efusiva e rara
Sua sátira abusiva é fonte de amargura e dor
Que pára as correntes increpantes da essência sórdida
Do negro véu que envolve a face sem pintura desse ator
Que na vida não foi senão, o disfarce de sua própria dor...