No palco da vida

O homem ao nascer representa o grande aventureiro, sai de seu habitat e vai ao encontro do mundo exterior totalmente adverso àquele em que se encontrava.

No mundo novo, é agora o assassino natural pois lutando contra os empecilhos da vida, mata a morte a cada instante ao conseguir superá-los.

Às circunstâncias eventuais da vida, e também por conta do próprio dinamismo da mesma, é coagido diversas vezes a trocar o seu script humanístico, passando a ser, desde então, o mutante involuntário.

Ao aproximar-se a velhice, nos limites da idade extrema, é agora o trapezista irrecuperável que viu decorrer seus dias áureos e sabe que jamais voltará a realizar os saltos d’outrora.

Eis então que o fenecer dele se aproxima, às vezes lentamente, quiçá de forma repentina. Ele agora é como um mágico diante de sua plateia e usa todos os seus truques, debalde.

Desce o homem do palco da vida, só, agora, então realmente vencido.

Cansado, cai ante ao único papel que não pôde representar: enganador do destino.