DE VAZIO EXISTENCIAL
De vazio existencial
Sem água, luz e gás
E nem uma cédula de dez reais
Sem rosto, sem voz
Sou todo de vós
Madrugada aterradora
Tem pena dos meus velhos ossos
Irmã traidora
Tu não me ouves chorar ?
Nas tuas ruas
Concreto e aço me ameaçam
Preconceitos e dúvidas me açoitam
Me ferem e matam.
Até quando.
A rua é fria mãe
A noite na calçada beirando a estrada
Luzes apressadas não escutam me vós
Quem trará a nós ?
Quem tem comida e teto
Tem tudo o que eu queria
Mas meus passos nessa via de mão única
Caminha de encontro a solidão
A rua é fria mãe
Poucos são os que estendem as mãos.
Na calçada gélida margarida chora
Seus cabelos Assanhados
Suas pequenas mãos de opala
Mastigando seus dedinhos
A mãe ignora pois não sabe o que é carinho
O pedaço de esponja sobre a qual está deitada
Lhe agasalha como ninho
Tão logo aprenderá a dureza da sua criação
Assim como um pássaro ou voa ou não
Voar com asas quebradas é tão difícil minha amada
Margarida sem saber de nada
É flor sem terra é flor sem água é flor pão.