Borrão das fotos

nao era isso

nao era nenhuma nem outro

comecei a pensar na fotografia

no borrão das partes sem qualidade

do borrão dos meus dias

da palavra que não é só

é acompanhada de escolhas escolhas escolhas

qualidade das suas, nao vejo motivo satisfatório pra não ser das minhas

ja nao vejo a decepção até ser jogada na minha raiva

eu tenho raiva

eu sou a raiva enraizada na quietude

nos choros de gente boba que

recorre ao medo como

alternativa pra insegurança

pra temer o toque macio que consome a ânsia

a ânsia

a droga que é a ânsia

faz tremer tesão

frustração de um eu antigo

amargo feito esperança

amargo do que é feita a vontade de ser dona de si

muito tempo depois de deixar de

ser criança

não sei responder elogios

me agrada recebe los

não nego vontades perversas

sim falo mais do que esperava que eu dissesse

não sei ficar na minha nesses tempos

soltei e não corri

enfrenta a esquiva e se

ela pisa

rasgo pé falando de saudades

não era nem isso

nem aquela

tinha mais

fico por aqui

por enquanto

nao esquecer não esquecer nao esquecer

sabendo que não lembramos de todos os dias da nossa própria merda que chamamos vida

Beleléu Leléu
Enviado por Beleléu Leléu em 06/05/2020
Código do texto: T6939573
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.