Borrão das fotos
nao era isso
nao era nenhuma nem outro
comecei a pensar na fotografia
no borrão das partes sem qualidade
do borrão dos meus dias
da palavra que não é só
é acompanhada de escolhas escolhas escolhas
qualidade das suas, nao vejo motivo satisfatório pra não ser das minhas
ja nao vejo a decepção até ser jogada na minha raiva
eu tenho raiva
eu sou a raiva enraizada na quietude
nos choros de gente boba que
recorre ao medo como
alternativa pra insegurança
pra temer o toque macio que consome a ânsia
a ânsia
a droga que é a ânsia
faz tremer tesão
frustração de um eu antigo
amargo feito esperança
amargo do que é feita a vontade de ser dona de si
muito tempo depois de deixar de
ser criança
não sei responder elogios
me agrada recebe los
não nego vontades perversas
sim falo mais do que esperava que eu dissesse
não sei ficar na minha nesses tempos
soltei e não corri
enfrenta a esquiva e se
ela pisa
rasgo pé falando de saudades
não era nem isso
nem aquela
tinha mais
fico por aqui
por enquanto
nao esquecer não esquecer nao esquecer
sabendo que não lembramos de todos os dias da nossa própria merda que chamamos vida