A Doce Vida do Jeca.
Abrir os olhos,
Vê que o sol nem no céu está,
Fazer o café,
Acho que o galo espera o cheiro,
Pra depois acordar.
Sair pra lida bem cedinho,
Pras vacas tratar e o leite tirar,
Lavar o curral, dar milho às galinhas,
Aos porcos um pouco de ração e espigas.
A horta irrigar,
Tiririca tirar,
Colher as verduras,
Carpir o pomar.
Parar pro almoço,
A sesta tirar,
De volta pra roça,
Pra terra cuidar.
Para já de noite,
Do galinheiro,
Alguns ovos tirar,
Essa é a mistura,
Do nosso jantar.
Encontrar os amigos,
Uma pinga tomar,
Conversar sobre a vida,
Alguns causos contar.
Aqui não há problema,
Se cultivar, tudo dá,
Compreendemos a terra,
Pra nós dela cuidar.
Posso deitar o corpo e tranquilo pousar,
Minhas preocupações são palpaveis,
Delas consigo cuidar.
Diferente de gente da cidade,
Que apesar de cansado, mal consegue se deitar,
Tomam remédio pra dormir,
E pra acordado ficar.
Meu remédio é a lida,
A pinga que vezes tomo no bar,
É meu cigarro de palha,
E a natureza que todos os dias vejo se transformar.
Tem tanta gente que de mim tem dó,
Simplicidade é ruim, é o que de fora pensa,
Trabalha muito e não vê a cidade,
Isso não é pena e sim recompensa.