Asas.

Há pensamentos

Que conduzem nossas mentes

A lugares onde

a imaginação não chega

Como um avião, daqueles de papel

Que, uma vez lançado, não se nega a voar

Porque não tem vontade própria

Tem apenas o céu

Mas vão somente até onde o vento os levar

Depois se entrega, se aconchega

e se deixa ficar uma tarde

Uma triste metade assimétrica

Uma cópia de felicidade

Um voo que não leva a nada

E que não chega a revelar nenhum segredo

Um medo bobo, uma dor escondida

Cujo pensamento, sem muita imaginação

Lhe força a mantê-lo guardado

Em algum

dos muitos lugares desertos

Que existem em qualquer coração

Assim a vida vai colhendo

Pensamento e pensamento em vão

Assim se vão passando as tardes

A cada tarde, outra omissão

Outro alarde mudo, inexistente

Ali na mesa ao lado, próximo da gente

E isso é tudo

Um enlevo

Outro trevo de quatro folhas que não foi colhido

Só que a vida é bem mais do que isso

E tudo é muito mais bonito e mais profundo

Podia ter sido algo além...ter ido mais longe

Só que estava perto, muito perto

Foi só outro avião de papel que caiu

Num dos muitos lugares desertos.

Edson Ricardo Paiva.