Olhares reminiscentes

Olhem, vejam o que eu vejo.

Jovens, muitos jovens, dançando ao embalo

das conversas e dos risos. Se entorpecendo com toda

A sede de vinho e vodca.

Todos compartilhando as mesmas neuras,

A mesma filosofia jovem, no geral, os mesmos anseios.

Olhem, vejam!!! Aquela menina, com aquela cicatriz de

queimadura de cigarro, duas, uma numa perna e a outra na outra,

E aquele menino cheirando com toda força uma latinha de cerveja,

Aquele rastafári chegando não sei de onde.

E aquele carro?!

Aquela moça andando de bicicleta para lá e para cá,

rodando feito uma retardada,

Mas creio que não, apenas sentindo o vento da liberdade...

Agora uma batalha de rap! Ouçam...

-Se você só quer zoar, não me faça de palhaço

Para de rir de tudo, e devolva o meu cigarro.

Pááá! Gela tudo galera, the police...

-Relaxa não é nada, é só uma sondada, aqui só tem jovens

curtindo uma noitada.

De volta à agitação, mais e mais acontece numa noitada que se estende até às três

Jovens, jovens, a noite, o dia, o mundo é deles, e como é.

Estou numa aldeia cheia de tribos,

Onde tudo é festa.

Aaah mas o outro lado é calmaria, é sintonia, é troca, é poesia...

As descobertas estão aqui, cada um procurando o seu lugar.

E aquele triste solitário, jogado no canto, que chora em silêncio as mágoas

de um amor não correspondido, correspondendo outro lá

do outro lado da aldeia praça

Ele deve preferir olhar para a lua, ao invés de machucar seus sentimentos.

Gracy Morais

Sampa, 20 de junho de 2018 (término)