VIDA - COTIDIANO
(Sócrates Di Lima)
Sentado aqui,
Numa mesa longa com dez assentos,
E nove vazios...
Em um deles meus pensamentos,
dedilhados em teclas frias,
frases sem rimas,
como poemas mudos,
lidos para sentimentos surdos.
Nos ouvidos um fone em alta densidade,
ouvindo Phill Collins e suas canções gritantes,
com melodias belas,
mas, letras indecifráveis em língua estrangeira,
quais eu não domino.
mas, na minha alma de menino,
como se soubesse cada palavra cancionada.
Lembra-me o dia que se passa,
noite adentro,
como a vida que seguiu,
no seu cotidiano.
La fora as noticias pegam fogo,
A política toma conta do jornalismo,
E esqueceram das mortes do corona,
ninguém fala nada,
Pois, hoje não foi importante,
a pauta era o ministro,
a fala do Presidente,
por tantos incompreendido,
por aqueles que queriam tudo,
e não fazem nada,
por aqueles que apoiam o caos,
querem ver o circo pegar fogo,
na teia de um funesto jogo
mas, na hora da verdade,
correm para o colo da mamãe
e se escondem daquilo que fizeram,
que disseram na redes sociais,
reles mortais, sem pátria.
Desconjurados pela crença da mesmice,
das dores sucumbidas,
na ambição do poder de querer mais,
muito além do que lhe foi dado.
Então, Eu aqui, perco o sono,
não pelas noticias,
Não pela mundial doença,
nem pela minha fé,
mas, tão somente,
porque sem me dar por percebido,
inadvertido,
tomei café.
E o dia entrou noite adentro,
fazendo-me refletir no Eu sozinho,
quem ultimamente cruzou meu caminho,
Deu-me um pouco de amor,
deu-me um intenso prazer,
mas, se foi..
assim como chegou,
silenciosa e proibida.
Quem veio com um propósito,
e no caminho se perdeu,
naquilo que se chama paixão,
distraída no tesão,
tomada pela ansiedade,
pela vontade do beijo louco,
selvagem...
que estremecia,
vibrava o corpo,
deixava ofegante o coração,
fazendo suar a alma,
na entrega plena do desejo,
do prazer de ter e querer,
talvez sem poder,
mas, fez...
atrevida ou não,
proibida ou não,
fez viver,
um da de cada vez,
E que de repente,
no silencio de um dia que se findou,
numa noite qualquer,
acabou...
mas, ficou numa peça íntima,
o cheiro e o calor esfriado,
na penumbra fria,
de uma noite vazia,
restando apenas lembranças de outrora,
do riso e olhar sintetizado daquela senhora,
restando sentir nas narinas,
a fragrância erótica,
intimas, virginais,
hoje robótica,
do corpo de daquela mulher,
nas efêmeras tristezas dos meus ais!