ÚLTIMOS SUSPIROS

Minha alma pranteia num cosmos doentio

Ultrajada pela desfaçatez dos homens!

Sobreveio pela superfície vírus que consomem

As consciências e, as inconsciências, sem estio,

Se digladiam à mercê de politicalhas podres

Que enlameiam dignidades humanas com dissabores

Mefíticos os quais enojam a vida sem precedentes...

O instante requer equilíbrio, mas apenas picuinhas

Peçonhentas se alavancam em forma de piadinhas

Em que joio é trigo, trigo é joio dentro das mentes

Que, egoístas, não lutam por um ideal comum,

Contudo produzem escândalos sem sentido algum.

O planeta está enfermo! É hora de metamorfose...

Deixem-se de lado as economias e as ganâncias,

Enterrem-se as reflexões políticas, as circunstâncias

São imprevisíveis para o amanhã... Intensa escoliose

Desconhecida invade as nações e a falta de bom senso

Há de consumir, sem piedade, a todos, sem incenso...

Vivos, os homens podem erguer um novo mundo!

Mortos, dissipam-se ideais e o orbe ficará deserto...

Estender-se as mãos é o que há de sensato e correto

A fim de que se salvem deste anátema profundo!

Que os partidos e as crenças sejam um só hemisfério

E, então, milhões de seres possam fugir do cemitério.

São os poetas os profetas do mundo moderno!

Através da arte, a palavra é isenta de partido

Para que a mensagem possa ter o teor bem definido

E arrebanhar do homem o pensamento incerto...

É a vereda auspiciosa da existência sem utopia

Que traz o bálsamo da inspiração e da alforria.

Ainda há tempo, mas as horas urgem cronometria!

Por isso, minha alma pranteia aos corações sórdidos

Imantados de ilusões! Transformem-se, extirpem os mórbidos

Prazeres e, uníssonos, retratem-se desta ignóbil fotografia

Que põe em risco a sobrevivência humana sobre o planeta

E que, no final, possam todos voar como colibri e borboleta!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 05/04/2020
Código do texto: T6907489
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