Homem que come gente.
O Abaporu é triste.
O sol amarelo lhe queima
A pele,
Trinca o chão sob seus pés
De gigante.
O espinho da palma lhe fere
A mão, o estomago e coração, pungente.
Mas a tristeza não vêm do trabalho
Duro no campo, não vem da poeira da caminhada.
Não, vêm da percepção da contingência,
Do descaso do tempo e do espaço para com tudo.
Abaporu sente a inutilidade das coisas.
Abaporu sente seu próprio distanciamento do mundo das coisas.
Abaporu toca o vazio.
Abaporu sente náusea e desespero.
Abaporu é gente agora.
Abaporu devora a si mesmo.
Abaporu é melancolia,
Ele come a noite
E goza o dia.