Vaidade

As coisas que escrevo

dizem de um outro,

pouco, torto,

quase nada,

de mim.

O tempo desnuda

sem pressa

o rosto

sem qualquer lembrança.

Distraído

procuro meu nome

em qualquer lugar

folha

beco

bilhar.

Fico branco

rugoso

frágil

lento.

Às vezes, aguardo

sem antecipar

um sim

às vezes,

um não.

Pouco importa

se deixei

se cortei

qualquer vestígio.

Não posso ser

Monalisa

Joana D’arc

nem Carlota Joaquina.

Minha vaidade

me esquece

de onde vim

e pra onde vou.

Portanto, resta aborrecê-la

afastando

a ideia fútil

o beijo efêmero

a dor silenciosa.

Peço para acender uma vela

e vê-la rezar

pedindo a todos os santos

o tempo parar.