Tormenta

Tempestade: chuva e ventos que me arrancam a pele como os telhados de uma casa.

Minha casa alugada, alagada de sentimentos mal formulados por fôrmas com formas disformes.

Andando pelos cômodos nada cômodos para se viver; sentindo em meus pés as águas do dilúvio, águas que vão e voltam. Sempre a mesma, fazendo o seu feitio: LAVANDO almas imundas e deixando tudo pronto para um recomeço.

Não me deixo abater. Não posso!

Levantar é sempre mais penoso do que se deitar. É preciso ter forças para continuar.

À braçadas me desprendo do que me puxa para o fundo. Na superfície, com águas até o pescoço posso contemplar a calmaria que a destruição nos traz.

Agora é só esperar os quarenta dias.

Diego Crevelim
Enviado por Diego Crevelim em 30/03/2020
Reeditado em 21/04/2020
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