Tormenta
Tempestade: chuva e ventos que me arrancam a pele como os telhados de uma casa.
Minha casa alugada, alagada de sentimentos mal formulados por fôrmas com formas disformes.
Andando pelos cômodos nada cômodos para se viver; sentindo em meus pés as águas do dilúvio, águas que vão e voltam. Sempre a mesma, fazendo o seu feitio: LAVANDO almas imundas e deixando tudo pronto para um recomeço.
Não me deixo abater. Não posso!
Levantar é sempre mais penoso do que se deitar. É preciso ter forças para continuar.
À braçadas me desprendo do que me puxa para o fundo. Na superfície, com águas até o pescoço posso contemplar a calmaria que a destruição nos traz.
Agora é só esperar os quarenta dias.