Sobre folhas e gentes.

Hoje, surge meio que atalhado

Creio que seja esse meu jeito

Esse jeito meio que imperfeito

De olhar sempre de lado

Para as coisas do horizonte

Surge um Sol minguante, meio alaranjado

Emerge uma luz meio apagada

Iluminando meio que quase nada

Na fresta por entre as telhas

Restando um pouquinho pra cada telhado

Era o ventre do mundo, era uma luzinha assim...de nada

Reflete no espelho, me olhando de esguelha

Repetindo a imagem de alguém que hoje sou

Mas que ontem não era eu

Esse é algo que eu resgatei

Antes que se perdesse por completo

Pode ser que seja ainda alguém

Quem sabe ainda tenha uma alma

Eu sei que, ao caminhar na chuva, se molha

E, que ao pisar na folha, chega quase a barulhar

Mas elas farfalham também ao vento

Quem sabe todos nós, sejamos folhas que arremedam gentes

Hoje, surgiu meio que atalhado, o Sol

E eu olhei-o meio de soslaio

Percebi como sou diferente das folhas

As folhas são filhas de Deus e se quedam

Eu caio.

Edson Ricardo Paiva.