PACIÊNCIA III

Lá, no fundo da montanha, dormindo ou acordado,

esperando que a chuva faça seu trabalho, pacientemente,

espera ele o dia em que será efusivamente acordado

pela claridade do sol, aí então sorverá o sol ainda quente...

Eras, milênios, séculos, e ele, quieto, respira fundo,

as mudanças de ciclos, estações, temperaturas,

espia, por fendas d'alma, as mudanças do mundo,

sabe que, com paciência, alcançará o tempo que dura...

Um dia, como se mãos de deuses esculpissem ou terra,

vê o espetáculo do nascer do sol, ainda frágil, uma pintura,

ouve por sobre a terra balidos e o rugir de mil feras,

um olho e depois o outro se abrem, fim da noite escura...

Rompe a rir congraçando com flores e nuvens e um Deus menino,

abre-se todo aos olhares e o tempo estático, para, nesse instante,

não é bronze, nem ferro, nem aço, quicá um prateado alumínio,

o coração do mundo, de todos, é o mais belo dos diamantes!