QUEM DIRIA...

Quem diria que o vento seria

o mensageiro da morte,

atravessando a película fria

do sul ao norte...

Quem dirá para onde vamos

se já nem sabemos o que fazemos,

nem onde estamos,

neste tempo de muito mais é menos...

Somos passageiros da carroça sem rumo,

vamos a pé à casa do silêncio pétreo,

apenas do navio a fumaça do fumo

de sua chaminé rumo ao cemitério...

Ouçam os passos dos exércitos sem nenhuma guerra,

quem diria que a máquina de conhecimentos emperraria,

ouçam o cântico fúnebre do fundo mais fundo da terra,

quem diria que os poetas cuspiriam cura nesta profecia...

Somos os que pensaram estar semeando esperança,

somos os que viveram os avanços da inútil tecnologia,

somos os primeiros mortos e ainda somos as crianças,

somos este tempo deitado sob o lençol da morta poesia...