VOCÊ SABE, MEU AMOR...

Você sabe, meu amor,

esta clava é de minha alma medieval,

este risco no espaço é de um poema futurista,

esta bacia de madeira é de meu tempo Neanderthal,

estes óculos sem lentes é para não te perder de vista...

Você sabe, meu amor,

estas letras em latim são do meu antigo momento,

estes traços descompassados são de minha fase Pollock,

estas asas é de quando eu era anjo a voar no vento,

este ruído que ouvimos é de uma arma de choque...

Somos todos os tempos ao mesmo tempo,

somos todas as situações em qualquer palco,

somos todas as direções no mesmo vento,

somos todos bebês cheirando a talco...

Você sabe, meu amor,

ruínas são lembranças de existências presentes,

totens elétricos são sonhos do Vale do Silício,

estas impregnações são de outros entes viventes,

tudo o que encontrares será só um mero indício...