Deserto
Hoje é mais um daqueles dias frios
Sem inspiração alguma
Olho para um lado e para o outro e só vejo deserto
Não venta
Não tem cor
Não tem vida
Até no limbo é mais capaz de haver inspiração
Estou ferido e não encontro poesia nesse caos
Não me assusta os escorpiões que sobem em meu corpo
Não me aflige as serpentes que lançam seu veneno em mim
Até a beleza das borboletas não me toca
Perdido nesse mar de areia
Sem noção do que é amar
Sem juramentos de saudade
Sem futuro contato
Eu desço e subo
E o dia passa pela noite e tudo é igual
Triste e perturbado eu acordo
E vou escrever tudo que vivi
Observando que a vida sem poesia
É uma orquestra sem maestro
É um rio sem água
Uma bicicleta sem rodas
Uma casa sem teto
A vida sem poesia
É um terrível deserto