AUTOCÍDIO

No espelho de minh’alma, um deserto incontinenti...

Dunas fantasmagóricas de uma areia depravada

Que o vento sopra na densa atmosfera dum vazio

Onde o silêncio é a única voz que reina, solitária...

Na encosta das nuvens, um clamor ruge de sofreguidão

E, num céu atapetado de estrelas, a eloquência do exílio.

A melancolia é a artesã dos conflitos ignóbeis

Que dilacera o âmago enfermo diante das intempéries crônicas

Num desfile de imagens em que o “eu-mim” é a sinagoga

De um estuário onde as preces se perdem no astral metafísico.

Saudade é devassidão dum espírito inócuo e estéril!

Rasga-se da vida em busca do infinito sepulcro

Em que a existência, sem oásis, é o derradeiro pântano

Que resta sobre a mefítica esplanada dos covardes:

Indumentária malsã, impiedoso acinte ao desconhecido: o suicídio!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 08/03/2020
Código do texto: T6883333
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