AMOR E LUCIDEZ
A poesia dormiu e ninguém a acordou.
Correu, o tempo, entre colunas de silêncio,
vergou vias siderais e, com a chave do vento,
abriu a boca da vontade e a todos e a todas chamou...
A lucidez do som desfez as vestes da mudez,
ao riso deu-se a boca, ao verso deu-se a mais louca poesia,
o que era nitidamente opaco recebeu a nitidez,
o que ainda era noite fez-se no mais radiante dia...
Ao homem lúcido basta conhecer seu corpo e sua mente,
regrar-se pela constância de afeto e multiplicidade de luz,
a quem ama dedicar-se o mais que possa, diferentemente
de quem ousa tocar nas vestes do amor e desejar a cruz...
Amor e lucidez são parentes. Moram lado a lado,
escrevem com a mesma tinta a sempre outra poesia.
Amor e lucidez são como dentes. mordem o naco
oferecido, dão-se as mãos e saem, rindo, pela vida...