A MOÇA PURA

Lindas vestes as tuas, oh moça pura,

alvas e deslumbrantes que causam fascínio;

hipnotizam aquele que passa e não vê a escura

sombra que se move sob o desejo ígneo...

Danças como fosses a bailarina linda e magra,

traças desenhos que lembram, do sol, os passos;

a adaga fria, reluzente, trazes na mão que afaga

o morto que te segue, como escravo, reles lacaio...

Este soneto, sombrio e delicado, a ti feito,

o ponho fora de mim, o expulso do meu peito:

como pus a andar o que sentia por tua nefasta pessoa...

Temo que ele se finde e não finde tua malsã virtude;

fingir amor a quem te ama faz com que tua alma chafurde

na lama que cobre teus pés, teus olhos e o mal que te coroa...