Quarta de cinzas

Lá se foi o carnaval

Nas ruas, silêncio

Nas pessoas, ressaca

Ninguém mais ouve as marchas

O coração quietou-se

O céu acinzentado

É pintura da quarta de cinzas

Retrato de quem dorme

Na esperança de que a folia volte

O coração não quer descansar

As máscaras caem

Todos retornam a rotina

Mas é preciso alegrar

Não deixar que o canto acabe

Não deixar que o samba morra

Pessoas se olham nas ruas

Se esbarram, se beijam

Se esquecem

Esquecem quem elas são

Retornam ao pó da vida

Retornam ao cinza

De uma quarta qualquer

E a tristeza,

será que acaba como o carnaval?

Ou serei um eterno Pierrot?

Quem me dera viver a vida

Só para amar Colombina

Embriagar-se de confetes e serpentinas

Cantar cantigas de amor, ser sentimental

Fazer da minha vida um eterno carnaval

Quem me dera viver a vida

Na felicidade e na folia

Esquecer-se da rotina

Todo dia ser carnaval

Mas nesse corpo ocidental,

Só restou pó e cinzas

Lá se foi o carnaval.

Rafaela Romero
Enviado por Rafaela Romero em 26/02/2020
Código do texto: T6874570
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