Quarta de cinzas
Lá se foi o carnaval
Nas ruas, silêncio
Nas pessoas, ressaca
Ninguém mais ouve as marchas
O coração quietou-se
O céu acinzentado
É pintura da quarta de cinzas
Retrato de quem dorme
Na esperança de que a folia volte
O coração não quer descansar
As máscaras caem
Todos retornam a rotina
Mas é preciso alegrar
Não deixar que o canto acabe
Não deixar que o samba morra
Pessoas se olham nas ruas
Se esbarram, se beijam
Se esquecem
Esquecem quem elas são
Retornam ao pó da vida
Retornam ao cinza
De uma quarta qualquer
E a tristeza,
será que acaba como o carnaval?
Ou serei um eterno Pierrot?
Quem me dera viver a vida
Só para amar Colombina
Embriagar-se de confetes e serpentinas
Cantar cantigas de amor, ser sentimental
Fazer da minha vida um eterno carnaval
Quem me dera viver a vida
Na felicidade e na folia
Esquecer-se da rotina
Todo dia ser carnaval
Mas nesse corpo ocidental,
Só restou pó e cinzas
Lá se foi o carnaval.