ENTÃO EU CONTO

Ninguém me contou que o mundo era uma escola,

que teria que escolher entre a bola e a pistola,

saltar o buraco na rua assistindo o homem na lua,

fugir de cães abandonados, sozinho, no meio da rua...

Ninguém me contou quanto era eu e mais de cem,

que eu poderia alcançar um diploma e ser alguém,

fugir dos mosquitos que voam em busca de sangue,

que havia edifícios, muros altos, não só mangues...

Soube pelos outros de quantos tem fome, sem comida,

que vivem pedindo esmola para manter viva a vida,

crianças que adoecem e muito pouco recebem do Estado,

morrem nos braços das mães sem cometerem nenhum pecado...

Soube de ilhas paradisíacas e que lá só se chega de iate,

enquanto milhões trabalham muitos nunca fizeram biscate,

que não há nenhuma distinção entre luxo e vã ostentação,

só carros de marca, dinheiro a rodo, por lá, nenhum camburão...

Então sou eu que te conto que este planeta é de todos nós,

dos que gritam, pedindo ajuda, dos escravizados, sem voz,

ninguém é mais que ninguém, padre, polícia, governo, pastor,

que só se salvará aquele que defender e souber praticar o amor...