Epifania
A senhora que era dona
Do mundo quase inteiro
Numa manhã se deu conta
Do seu amor verdadeiro
Doou a empresa inteira
Aos que precisavam mais
Em seguida decidiu
Velejar com os seus pais
Já aquela que criara
Filhos, netos e bisnetos
Vendo a lua, fez as malas
Despediu-se dos afetos
Finalmente entendera
O que era o viver
Entregou-se pronta ao vento
Para o mundo conhecer
É o que corta a lã
Que a rotina fia
É o que vem de noite
E transforma o dia
É que move o mundo
Rara epifania
Sua rede de amigos
Era toda virtual
Varrer o chão despertou
O seu espiritual
Vendeu o seu celular
Dedicado a conceber
Um espaço de harmonia
Pros amigos receber
Destilada pelas festas
Sempre a última no bar
Hoje seu dia começa
Só depois do meditar
Cada noite, o bem e o mal
Cada noite uma galera
Até de repente ver
Que não sabia quem era
É o que corta a lã
Que a rotina fia
É o que vem de noite
E transforma o dia
É que move o mundo
Rara epifania