Existência
Acidentados litorais
De uma existência.
Seriam os destinos
As passíveis areias das praias?
Estariam os destinos
À mercê das volúveis marés?
Quem sabe ainda sofressem
A ação dos ventos?
Haveria uma alternância
Entre o estático e o movimento?
Seriam as praias a terra firme
Para náufragos exaustos,
Ou já não haveria tempo para eles,
Sepultados no oceâno?
Íngremes encontas
A obstaculizar o caminho plano.
A medida de tempo,
O tempo está sendo ganho,
Ou está sendo perdido?
O coração pressente
Acontecimentos subjetivos.
Perde-se do presente, profetiza,
Divaga entre razão e intuição.
Porém, teme aguardar
Aquilo que pode não acontecer.
Incertezas humanas.
Soubéssemos as respostas,
Seria necessário viver?
Verdade é que não sabemos.
Perguntas costumam
Ser respondidas
Com novas perguntas,
Justificando-se
Que parte do destino
É buscar a razão.
Novamente o problema do tempo.
Seria ele um aliado,
Ou terrível carrasco?
Seria o precipício
Ou a ponte que serve
Para atravessá-lo?
Viver já é fato.
A questão é o destino.
Existe a vida do parto
Até o momento da morte.
Questiona-se a maneira
Pela qual ela se desenvolve.
O corpo também é realidade.
A dúvida é se ele é clausura
Ou liberdade.
Por que, se não temos asas,
Sonhamos em voar como pássaros?
Haveria nesta imagem
Um prenúncio de suposto voo da alma?
Qual a razão
De estranho desejo por liberdade?
Haveria algum prêmio?
Seria libertação eterna?
E se houvesse, seria
Libertar-se de quê?
A vida deve ser vivida,
Mas talvez não esteja
Nela mesma o seu objetivo.
Fosse assim, não haveria
Destinos supostamente injustos.
Fosse assim, a morte
Não a interromperia.
Algo está além da vida!