peito de pedro

pedro abre a janela

é domingo lá fora

e solidão

no fundo do quintal

boceja de lado

nem por cansaço

é assim quase triste

quase nada

exausto da tela vazia

a tinta do pincel

escorre lenta e pesada

em sua pele

os olhos secos buscam,

imploram por flor

sol pássaro lua

ou bicho qualquer

coração sedado,

no entanto,

busca êxtase

nas linhas do irreal

adormecido como café

o gosto do amanhã

é assim frio

na ponta da língua

se não há pedro

para arte

há arte

em pedro

na tela da incerteza

um nome sujo

surge à margem

do criar

rabiscando um sorriso

cicatrizado

fracassado

mapeia o interior

um sussurro cinza

e todo o resto

é como a sete chaves

pintar um segredo

refém de si

a obra cria

e esclarece

o artista

o relógio calado

bate o anoitecer

pedro tão moço

agora cospe prazer.

Nicoly Diniz
Enviado por Nicoly Diniz em 14/02/2020
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