peito de pedro
pedro abre a janela
é domingo lá fora
e solidão
no fundo do quintal
boceja de lado
nem por cansaço
é assim quase triste
quase nada
exausto da tela vazia
a tinta do pincel
escorre lenta e pesada
em sua pele
os olhos secos buscam,
imploram por flor
sol pássaro lua
ou bicho qualquer
coração sedado,
no entanto,
busca êxtase
nas linhas do irreal
adormecido como café
o gosto do amanhã
é assim frio
na ponta da língua
se não há pedro
para arte
há arte
em pedro
na tela da incerteza
um nome sujo
surge à margem
do criar
rabiscando um sorriso
cicatrizado
fracassado
mapeia o interior
um sussurro cinza
e todo o resto
é como a sete chaves
pintar um segredo
refém de si
a obra cria
e esclarece
o artista
o relógio calado
bate o anoitecer
pedro tão moço
agora cospe prazer.