Do tempo, existir

Que seja chuva em toda estação,

Que seja frio na primavera e no verão,

Que seja o tempo que eu quiser na minha própria estação!

Florescer...

Me incendiar e renascer das minhas cinzas...

Minha própria metamorfose.

Dia após dia eu ainda sou uma madrugada fria,

O resumo do dia que se foi e o prefácio do dia que está por vir

E quem diria

Sem rótulos,

sem limites,

sem palavras vazias...

Um mistério de mim comigo mesma

Um refletir,

Com as cartas todas na mesa,

Um dissertar um transcrever e ilustrar

Da ponta do lápis subindo pelos dedos

Até meu próprio céu...

Um aquarelar de preto e branco,

Um rabiscar aquarelado

No nublado belo acinzentado,

Um mergulhar no mar do universo

Me dissolvendo,

A medida que o mundo gira

Deixo de existir

Ou me transformo em algo mais,

Incapaz de sumir

Viro o ar e viro o vento

E passo despercebida

Até ao olhar mais atento

E caio quando a chuva cair

Nesse céu nublado

Cairei junto

e serei a tempestade de todo meu ser

Então quando o sol estiver voltado

Serei só lembrança,

O caminho destruído

será a única verdadeira prova de que eu devo realmente ter existido

E tudo que é deixa de ser.