ESTE SOU EU
Estão são minhas mãos,
sujas de pedaços de cotidianos,
por onde saem vestígios do coração:
com elas desenhei vertiginosos planos...
Estes são meus olhos, sem lágrimas,
lambuzados de tinta da história,
com respingos de óleo das máquinas,
por onde entra o corpo da memória...
Este é meu rosto, às vezes esbofeteado,
ocupado em se oferecer aos vendilhões,
diante do espelho me declaro culpado,
pedindo perdão aos milhares de corações...
Este é meu coração, todo dolorido,
o qual fiz casa a quem desabrigado vive,
que tem a canção para seus ouvidos,
por ser de tantos todos, hoje vive livre...
Este sou eu, um prosaico mosaico,
esculpido em instantes e eternidades,
acordo e lanço a flecha com meu arco,
busco atingir o coração da verdade...