Meus versos

O tempo que eu passo escrevendo nem sempre é um tempo bom;

Mas de certo, é tempo de pensar naquilo que me acomete todos os dias;

Tantas vezes escrevo para dispersar os delírios que tentam me consumir;

E assim quase sempre consigo afastar-me deles, o suficiente para versar;

Mas logo me vem novamente o pesar de lembrar do que me restringe;

São pensamentos como ondas, que vem e vão, me puxando e me empurrando;

Me jogam às margens da insensatez, mas logo me puxam para a lucidez;

E assim me vou nessa inconstância, que em parte me agrada;

Posso saborear cada momento, e com isso aprendo um pouco mais;

Os momentos ruins me servem de inspiração para bons momentos alheios;

Pois quem me lê, sente-se acalentado sob meus versos;

Creio que para cada desgraça, há uma graça equivalente nalgum lugar;

Então, me exponho em palavras maquiadas de sentimentos;

Que vagam buscando a quem possam trazer um sentido;

E se para alguém trouxerem, já valerá a pena ter escrito.

Álvaro De Azevedo