RETRATO FALADO (em monorrima)

(Em interação ao poema IMITAÇÃO, do poeta

fcunha lima).

Certa vez, quando em meu birô sentado,

Frente a um espelho emoldurado,

Saquei de lápis e papel pautado,

E descrevi-me autorretratado.

Algo assim como um retrato falado,

Que me descreveu com muito cuidado,

Pra que não saísse nada errado,

Com algum defeito não declarado.

Nada escondi, tudo anotado:

O nariz adunco, avantajado,

A boca funda, o dente amarelado,

O cabelo sempre despenteado.

Sorriso tímido, corpo arqueado,

Na pele rugas, marcas do passado.

Confesso que fiquei acabrunhado,

Ao ver o tal retrato terminado.

#########################################

IMITAÇÃO

Autorretrato ou fotografia.

Até talvez somente uma pintura,

Imagem regular da criatura,

Ou a própria visão que irradia.

Não no escuro, mas à luz do dia,

A tela foi pintada com candura.

Onde o poeta pôs toda doçura.

Da sua face, em uma poesia.

Querer que seu retrato fosse escrito,

Tentando que ficasse mais bonito,

É tão somente grande ilusão.

Mas olha sobre a mesa o que escreveu,

E vê que na figura apareceu,

Do seu rosto a mais leve imitação.

fcunha lima

E TEM MAIS ...

=RECRIAÇÃO DA FACE=

Ao término de mais uma poesia,

Guarda o poeta o lápis e papel,

Pois fazer poesia a granel,

É tão somente a sua alegria.

Como se o verso feito de estesia,

Fosse uma tela cortada à bisel,

Com uma inspiração vida do céu,

Dum anjo querubim que a anuncia.

Depois de tudo no papel exposto,

O poeta na tela ver seu rosto,

Seu verso no desenho é um fato.

Por mais que ele pretenda ser disfarce,

No quadro escrito nasce a sua face.

Na criação do seu autorretrato.

Soneto pelo belo autorretrato do mestre Jota. Fernando cunha lima

10-2-2020.

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 08/02/2020
Reeditado em 29/01/2021
Código do texto: T6861296
Classificação de conteúdo: seguro