COMPAIXÃO
Debaixo do corpo da água cansada
resta um gemido ali soterrado,
da mãe para o filho, como se a palavra
tivesse, batendo os braços, se engasgado
na inocência do peixe que nada nadava,
a vida entregando à faminta morte o fado
que o anjo da guarda no céu cantava...
Não há país para a morte viver,
ela tem todos os carimbos e passaportes,
se usa da enchente que se põe a correr,
onde pensas o sul é dela o norte...
Espias o mundo sob o barro escondido,
fazes agora o bruto esforço da alegria,
a cada um que retira, morto ou vivo,
canta, solene, compadecido, tua poesia...