A MORTE DO AMOR
Hoje estive no enterro do amor.
Muitos choravam, descabelados,
muitos levaram uma vermelha flor,
outros ainda estavam apaixonados...
O amor, ali deitado, ainda quente,
não se sabe se morto mesmo ou fingimento,
parece que praticava uma morte diferente,
morto por fora, mui vivo por dentro...
Sabia-se que se comovera com a morte da moça,
companheiro descontrolado, louco por suicídio,
a quebrara em duas como fosse frágil louça,
mais um para demonstrar o feminicídio...
Eu ali, no canto esquerdo, quieto,
bebia um café oferecido pelo garçom,
quem ama duvida da morte do amor, discreto
deve ser sem muito alarde, sem errar o tom...
Indo todos embora, tristes ou não,
cheguei perto e vi que vivo me dizia
que não se mata do amor o oração
nem na ode funesta funerea poesia...