ENVELHECER
No espelho, cabelos brancos despontam
Quem eu vejo ali não é o mesmo de outrora
Na mente, mil lembranças espantam
Estradas passadas que me trouxeram ao agora
Na vida, me classificam como adulto
Quem dera pudesse outro nome alcançar
Esse rótulo é um insulto
Fica difícil se conformar
Na rua, vejo bebês que cresceram
Na altura estão a me superar
No cemitério, lápides aumentam
De tanta gente que já pudemos abraçar
Nas conversas, dizemos que o tempo correu
Foi escondido parece, de ano em ano acelerando
Tudo parecia igual, mas mudou e a gente não percebeu
Acho que não estávamos olhando
Na caminhada vamos ganhando resistência
Nem tudo machuca mais
Modificamos a nossa essência
A espera de alguma esperança na beira do cais
E assim vamos seguindo ao entardecer
Rumo ao finito
Não acostumamos a envelhecer
Isso é um negócio esquisito