A NAU AO MAR
Feliz poder viver aquele momento.
Sentir do cenário toda a intensidade.
Embaixo, o mar, em cima, o firmamento.
E ambos transbordam em majestade.
Belíssima harmonia traz a brisa.
Música suave que ao longe soa.
Como um canto puro que desliza.
Pelo mar sem fim boiando à toa.
A orquestra é o mar, que ruge no casco.
E o vento, nos gradis do convés assobia.
Mas de repente, o tempo se torna carrasco.
Nas fortes vagas se ouvem acordes d’agonia.
Acaba nesta hora a paz no infausto brigue.
Fim do feliz trilho q’abriu nas mansas ondas.
Agora corta vagas sem ter quem as apazigue.
Findam amores e largos risos de Giocondas.
Mas a perícia do capitão vinda do epigeu.
Fez levantar dos mares o Deus Netuno.
E àqueles passageiros, a todos protegeu.
Fazendo calmo o grave transtorno noturno.
Numa ilha a grande nave se acolheu.
E o todo uma vez mais se naturaliza.
E os seus rostos ganharam em apogeu.
O sorriso estreito e sonso de Mona Lisa.