DOCE PRECE

Quantas palavras poli e gastei,

quantas fora joguei

em busca de um poema

que valesse a pena

ser dito e escrito

na tábua das considerações...

Na oficina da alma,

com fúria e calma,

conversei com o silêncio

sobre as propriedades do tempo,

sua vasta arquitetura,

seu nada é por dentro,

e, ali, sujo de poeira,

ergui o que foi construido

no meio da sujeira,

o poema vivo...

Não sei retratar sua forma,

no que ele se torna

quando o digo

ou escrevo,

sei apenas que me deu a coragem dos deuses,

a ópera que, miúda, se torna berceuse,

o cântico que o coração oferece,

em luz imensa,

como doce prece...