Minha rainha
E agora que o herói sou eu?
E todo o meu séquito fala uma língua diferente?
O meu castelo não existe mais
A dama desse jogo é tão inconsequente…
No tabuleiro dessa existência
Enfrento inimigos e os batalhões
Grandes exércitos e seus canhões
Mas curvo-me diante da beleza rara
Dessa rainha de alma tão clara
Agora sou eu o rei
Sou grande e sou também juiz
Por meu decreto incontestável
Temos a obrigação de ser feliz
Minha bela dama, fiz coroar
Em minha alma posso admirar
Sua beleza sem qualquer censura…
Em seu corpo encontro a cura
Dos males do meu velejar
das desventuras de um herói anônimo...
Toda ternura desse olhar lacônico
Me faz assim tão diferente, pequenino…
Não, não vá embora
Não fuja agora desse grande amor
Fique e finja que agora eu sou
O seu destino, sua fera mansa
Na sua mão só uma criança, apenas um menino...
Vem, me dê a mão
A inocência em nós agora impera
Não precisamos ter nenhum medo
Toda a maldade que era ficou tão distante
Não temos mais como guardar segredo…
A gente nem tinha existido
Quando o bandido da maldade apareceu
Nem mesmo ainda eu era eu
E você em cena ainda ensaiava
Ser minha dama, minha namorada…
E agora, que rei sou eu?
Se o faz-de-conta vira realidade;
Fui condenado a ser só um plebeu
Nessa noite que não tem mais fim
Virei um louco que vive a contestar
Toda saudade que habita em mim…