Assim que o destino assume o posto a sorte foge pela janela
Ergo minha estrutura aqui
ou caio duro após a última tentativa.
Desvanecer.
Sobrepor.
O diabo que estiver sentado
na encruzilhada.
40 anos. Nenhum livro publicado.
Mais de mil poemas escritos,
quem os lerá?
Oh Posteridade, vil alteza
dos reinos terceiro-mundistas
logo abaixo de todos os infernos,
dai-me logo este abraço frio
de merda sem paixão,
dai-me o que me tens guardado
como a santa vadia de todos os séculos.
40 anos. Nenhum livro publicado.
Mais de mil poemas reescritos,
nenhum lido.
O fim da festa já vem sonolento
nos braços da aurora,
a Deusa Tutelar dos Desertos Abertos
sabe que estarei pronto e a postos,
pois tão sensata como a morte segue a vida,
a mudança está aí. Para o que der e vier.
O homem, depois de ver dezenas
de primaveras,
só tem duas coisas a honrar:
a palavra e os culhões.
Hei de nunca esquecer disso
(pelo menos até a aurora entregar o fim da festa).