O ARTESÃO PERFEITO
Ainda que me perdesse no reino das sombras,
sei, por sentir, que me acharias por me amar,
mesmo que sujo de batalhas por quem me toma
como combatente, me trarias de novo o meu despertar...
Tua mão estendida seria a escada da subida,
teu sorriso pacífico me daria a viver outra vida,
arcado e ainda combalido, ossos machucados,
ainda assim forças eu teria para caminhar ao teu lado...
Quantas quedas é necessário para um homem achar
seu caminho de volta e com todos os prejuízos arcar?
Quantas palavras jogadas ao vento um homem lançado teria
até que as juntasse de novo para escrever sua mesma poesia?
Quantos de nós nos esgueiramos como heras entre vãos
e quando chega a hora do salto ainda assim dizemos não?
Quantos miúdos sonhos pomos a perder num falso despertar
quando ouvimos trombetas falsas em torres altas a gritar?
Ainda que viver fosse o ato mais perto do sacrifício
por amor eu seria o artesão perfeito para este ofício...