TODO POETA
Todo poeta
tem o direito de ir à festa
onde anjos desajustados
cometem os mesmos pecados
desde os tempos do Paraíso
onde havia loucura
e pouco juízo...
Aqui na Terra,
redonda esfera,
somos os mesmos sem a sapiência
dos anjos em laboratórios
em busca de uma nova ciência
que nos transformem em deuses,
que saiamos deste parco espaço de ideias,
retomemos, como cocheiros, a boleia,
ao invés de mastigar fonemas
como tangerinas modernas,
que saibamos como fazer pão
com farinha de nuvem
e fermento do coração...
Todo poeta
devia ver se presta
o que cospe em garatujas,
devia ler o que propõe
a quem meramente supõe
entender o que ele diz...
Como Drummond,
tirar ouro do nariz...