O Ínfimo na Imensidão



Em algum lugar,
Vai à distância que não alcanço,
Em algum momento.
Faz-se perdido o tempo que já não tenho.
E nunca estive tão próximo do ínfimo,
E nesta pequenez parece ficar mais próximo o todo.
Vago por passos que já caminhei,
Trilho por destinos que ainda não vivi,
Sonho com asas, mas tenho o chão sob os pés.
Então voo na divagação dos sentimentos perdidos,
Das reflexões fragmentadas,
Das percepções que não entendo.
Nem por isto desisto,
Existe algo que me faz ir em frente,
Incomoda-me o tempo finito,
E também não me acalma a possibilidade de eternidade,
Duvido para poder crer, acredito para poder duvidar.
Há algo de senil em mim que somente almeja paz.
Há parte que quer despertar uma juventude que já perdi,
Mas a criança que alimenta minha alma está viva.
Vivo por meus fragmentos,
Desafio de unir partes, um todo que sou,
Que por vezes sente falta de nada ser.
As horas estão vencidas,
A alma já se faz prenhe de cotidiano,
Já se desconhece, teme a inviabilidade,
Dá boas vindas para o final,
Para depois protelar ainda um pouco mais.
E haverá de querer ficar
No momento que for a hora de ir.
Mas que não se imagine ser contradição,
Ou contraditório,
Apenas o desafio de um encontro que se faz utópico,
Do sonho que desafia a realidade,
Para depois beijar-me a face,
Dar-me os ombros e perder-se na aurora.


26/10/2013
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 10/01/2020
Reeditado em 10/01/2020
Código do texto: T6838982
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