HOMENS DA CANA

Pequenas máquinas

Descansam em suas camas

Despertam às quatro da matina

Numa peregrinação cigana

Invadem morros e planícies

Numa movimentação insana,

No subir da foice cortam o vento

E até o pá da cana

De tonelada em tonelada

A fome o salário chama,

No meiado do dia

A barriga pede a bóia fria

E o galão de água quente

Completa o sofrimento

Em baixo do sol ardente,

Senhor Deus

O que temos

Para estes desafortunados?

A misericórdia da esperança

Ou o dever de ficar calado?

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Adriano Sales
Enviado por Adriano Sales em 30/12/2019
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