Tempo


Senhor do Tempo,
Quanta graça havia em Ti,
Quando ainda mito encantavas
Eras passado interminável,
Existias como presente assustador
Eras o futuro inquietante.
Hoje reconheço-te senil
Temo tua perda,
Como criança sem rumo.
Como Ser sem Ti?
Vejo-te indo embora,
Figura de velho e seu cajado.
E em Ti vai parte de mim.
Pois de mim levaste ilusões.
Pois de Ti deixaste fragrâncias.
E não sei se isto é verdade,
Mas sei que é suposta vivência,
Se real ou imaginária?
Pouco importa.
Importam a chegada e a despedida,
Pois o meio é mero desenvolvimento,
É tanto, porém desvendado,
Enquanto gênese e fim
Eternos mistérios ocultos em mim.
Nada sei, e a ignorância move-me,
E por não ser, ergo-me das cinzas.
Fogo incandescente da Origem,
Alma cigana, ilusão de mim.
Pois que pintei-me em palavras,
Vivo em prosa e poesia,
Ri-me em filosofia,
Chorei em versos.
E ao olhar ao céu,
Não vi com os olhos,
Mas com o pulsar do coração.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 29/12/2019
Código do texto: T6829389
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