A Divina Comédia
Menino pobre,
Nascido na periferia,
No sobe e desce do morro,
Pensava em vencer na vida.
Ele queria,
O seu destino mudar,
Dar condições a família,
Ter uma casa para chamar de lar.
E lá do morro desceu,
Foi o asfalto buscar,
Durante o dia estuda,
A noite atende em um bar.
Aqui em baixo é outra realidade,
Ser pobre, preto e favelado limita toda e qualquer liberdade,
É parado pela polícia em todo lugar,
Te chamam de vagabundo,
"Quem é que tu vai roubar"?
As dificuldades não o fez desistir,
Na faculdade passou,
Nunca deixou de insistir,
Naquilo que um dia acreditou,
Depois de formado sonhava virar doutor.
Inglória vida,
Morreu um inocente,
Bala perdida o achou,
Morreu como um indigente.
De onde partiu o tiro?
Essa não é mais a questão,
Mais uma ida sem volta,
Morte de mais um leão.
Nesta floresta de pedra,
Animais em extinção,
Humano matando humano,
Simples prazer ou diversão?
Um dia não sobrará,
Nem mais um homem na Terra,
As almas ilusttão,
Uma divina comédia.