O trem das 9.
Uma vez
do meu aniversario de 18 anos
eu fiquei perto da estação Emerlino Matarazzo
e lá eu pude fechar os olhos
e ouvir o som do trem das 9.
O trem das 9
era velho,triste,patético e brutal.
E som dele é arrastado,frio,barulhento e desengonçado
e enquanto ele tentava parar na estação
os meus olhos ainda estavam fechados.
Eu tinha 18 anos
e me sentia velho,triste,patético e brutal.
O som dos meus pensamentos eram lentos,ultrapassados e suicidas
e enquanto o trem parava na estação
o meus pensamentos ainda estavam delirando.
Delirando melodicamente
flertando como um doce amante para a morte.
O rosto da morte era negro,viúvo,silencioso e fatal
e enquanto o trem parava na estação
a morte flertava comigo e com os meus pensamentos.
Os meus olhos ainda estavam fechados
tentando conter um choro.
Os meus olhos ainda estavam fechados
tentando conter um canto.
Os meus olhos ainda estavam fechados
tentando não ver os outros.
Os meus olhos ainda estavam fechados
tentando desafinar os bandos.
E o trem das 9
já se vai
em direção ao Engenheiro Goulart.
Partindo distante.
Indo longe de mim
e da minha existência inexpressiva.