CAROÇO DE POESIA
Tem dias que meço a altura do tombo,
tem dias que só me levanto e sigo;
às vezes a canga sobre os ombros,
às vezes o braço de um amigo...
Tem dias que morro de medo,
tem dias que nem me assusto;
às vezes cheio de segredo,
às vezes meio de luto...
Assim vai a vida que recebi de presente,
de riso em riso, de choro em choro,
no mais, com a faca nos dentes,
no entanto carvão, pó e ouro...
Tem dias que vejo na praça
os que descansam depois do trabalho;
às vezes a preguiça ultrapassa,
às vezes dominó ou baralho...
Tem dias que vale tudo a pena,
nem que for pra pra cortar nuvem macia,
às vezes tempestade vem mais amena,
às vezes quebrando caroço de poesia...